Sistema de plantio: Direto x Convencional

Escrito por Flávia Freitas

O sistema de plantio padronizado é um conjunto de procedimentos que envolvem todo o preparo do solo, a fim de otimizar as condições de germinação das sementes e o estabelecimento das plântulas, até a eliminação de plantas indesejáveis e competidoras (ervas daninhas).

Redigimos este conteúdo para você, com o intuito de apresentar os principais objetivos de se trabalhar uma plantação dentro de um sistema planejado de plantio. Objetivamos também, apresentar as principais diferenças entre o sistema de plantio direto quando comparado ao convencional, já que estes dois tipos de sistemas são os mais comumente adotados no campo. Ao mesmo tempo, mostrar para você as principais vantagens e desvantagens de cada um desse sistema.

Primeiramente, preciso que você perceba que o solo é o principal responsável por seu faturamento no final do mês. Sim! O solo. Afinal, é nele que estão os nutrientes necessários ao desenvolvimento de sua plantação. Por isso, tratar o solo com cuidado é uma atitude inteligente para os negócios agrários.

Acompanhe, em seguida, os conceitos e fundamentos relacionados aos principais sistemas de manejo de solo.

Os sistemas de plantio e o solo

Certamente, toda energia necessária para o desenvolvimento das sementes é fornecida pelos nutrientes presentes no solo.

Sistema de plantio. Imagem de solo altamente compactado, com poucas plantas em crescimento na parte superior.
Fig. 1 – Solo compactado

Não preparar o solo pode não apenas prejudicar a produção, mas também culminar na compactação deste. E esta compactação, para ser tratada, compromete o calendário de cultivo o que pode gerar inúmeros prejuízos.

A fim de evitar impactos negativos pela inclusão de etapas relacionadas ao preparo do solo, é fundamental que haja um planejamento integrado das atividades de cultivo. Isso é necessário para que haja a sustentabilidade da atividade por meio da adequação de equipamentos e do calendário de trabalho. Frente a um bom planejamento, consegue-se evitar, por exemplo, que as operações ocorram em períodos com maior potencial de compactação do solo.

Em seguida, iremos detalhar um pouco sobre a compactação do solo.

A compactação do solo

Como o próprio nome já diz, a compactação é a redução do espaço poroso e o aumento da resistência do solo. Com efeito dessa resistência, o desenvolvimento de raízes é prejudicado e, por consequência, o desenvolvimento das plantas é comprometido. Principalmente, a causa da compactação está no manejo inadequado.

De maneira geral essa compactação é observada abaixo da camada revolvida pela ação dos implementos de preparo do solo. Ainda, em casos mais severos, na superfície, devido ao tráfego de máquinas e implementos.

Depois que o solo encontra-se compactado, suas características físicas são modificadas em relação ao solo natural. De maneira idêntica, a habilidade das plantas em explorar o solo em busca de água e nutrientes. Afinal, a planta é dependente da distribuição de raízes e essas, por sua vez, são dependentes das condições físicas e químicas do solo para o desenvolvimento. Dessa forma, qualquer alteração dessas condições que prejudique o crescimento das raízes pode afetar a produtividade da cultura. 

Solo compactado pode ser tratado

Uma vez que está identificada a presença de camada compactada e é constatado que essa compactação traz problemas ao desenvolvimento das plantas e degradação do solo, de forma clara, o próximo passo é a sua eliminação.

Sistema de plantio e seu tratamento com o solo. A imagem mostra uma máquina de discos grossos descompactando um solo.
Descompactação do solo

Com vistas a resolver o problema devem ser aplicadas técnicas específicas cuja escolha vai depender não apenas da profundidade da camada compactada mas também do grau de problema que ela esteja causando.

O primeiro passo consiste no rompimento da camada de compactação. Em princípio, o rompimento da camada compactada deve ser feito com implemento que alcance a profundidade imediatamente abaixo da zona compactada. Então, quando a profundidade alcança até 35 cm, poder pode ser rompida com o arado de aivecas ou o arado escarificador. No entanto, para profundidades maiores, é aconselhada a utilização de um subsolador.

A prevenção da recompactação do solo

Em seguida ao rompimento da camada de compactação, o segundo passo consiste em planejamento e prevenção de novas áreas de compactação.

Esse plano pode incluir não só a mudança do sistema de manejo, mas também o o redimensionamento de máquinas e até mesmo o uso da rotação de culturas. Nesse sentido, deve-se lançar mão das técnicas de manejo e conservação do solo que sejam factíveis com a realidade na qual se trabalha.

Não apenas, algumas das estratégias utilizadas para a prevenção da compactação são: o tráfego controlado, as operações mecanizadas realizadas com o solo seco, a permanência da palhada na superfície, a rotação de culturas na época da reforma e o uso de matéria orgânica.

Logo em seguida apresentaremos os sistemas de plantio mais comumente utilizados. Ademais, detalharemos como cada um deles trabalha com o solo, de modo a prevenir a compactação e garantir um melhor rendimento das plantações, dentro de um sistema integrado de desenvolvimento de culturas.

Sistemas de plantio e o preparo do solo

Existem diversos sistemas de plantio e estes são selecionados de acordo com a cultura em desenvolvimento, e também com base nas decisões estratégicas e técnicas de cada fazenda. Iremos detalhar, em seguida, os sistemas de plantio convencional e de plantio direto e suas relações com o preparo do solo.

Plantio direto e convencional são dois tipos de sistemas de plantio onde diferentes conjuntos de operações unitárias relacionadas ao cultivo são diferenciados por práticas de manejo. Sistematizar essas operações estabelece-se com a finalidade de melhorar o rendimento da produção.

O plantio convencional utiliza técnicas tradicionais de preparo do solo (remoção da vegetação nativa, aração, calagem, gradagem, semeadura, adubação mineral, capinas e controle fitossanitário (aplicação de defensivos agrícolas) para posteriormente efetuar o plantio.

Sistema de plantio convencional comparado ao sistema de plantio direto. A imagem mostra dois blocos de solo, com as características de cada tipo de solo esquematizadas.

Por outro lado, o plantio direto é efetuado sem as etapas de preparo convencional da aração e da gradagem. Nessa técnica, o solo está sempre coberto por restos culturais e plantas em desenvolvimento. Passa por processos como a semeadura, adubação e, eventualmente há aplicação de herbicidas.

Se você quer entender mais sobre esses dois grandes sistemas de plantio, confira o conteúdo em seguida.

Sistema de Plantio convencional

No sistema de plantio convencional a preparação do solo tem por objetivo fundamental fornecer condições ótimas para a germinação, a emergência e o estabelecimento das plântulas.

Basicamente, este preparo do solo tem por objetivo o:

  1. revolvimento de camadas superficiais para reduzir a compactação,
  2. incorporação de corretivos e fertilizantes,
  3. aumento dos espaços porosos e, com isso,
  4. elevação da permeabilidade e o armazenamento de ar e água.

Desse modo, o processo facilita o crescimento das raízes das plantas. Além disso, o revolvimento do solo promove o corte e o enterro das plantas daninhas e auxilia no controle de pragas e patógenos do solo. 

Por certo, é importante usar corretamente as técnicas de preparo do terreno para evitar sua progressiva degradação física, química e biológica.

Etapas do sistema de plantio convencional

Com o propósito de obter sucesso no preparo do solo, esta atividade pode ser dividida basicamente em duas etapas principais, que são o preparo primário e o secundário.

O preparo primário consiste na operação mais grosseira, realizada com arados ou grades pesadas, que visam afrouxar o solo.

Estes maquinários podem ser utilizados também para incorporação de corretivos, de fertilizantes, de resíduos vegetais e de plantas daninhas, ou para a descompactação superficial. Observa-se que na incorporação de insumos ou de material vegetal, os equipamentos de discos são mais eficientes, pois permitem melhor mistura desses ao solo.

Depois que o solo compactado está afrouxado em decorrência das operações operações primárias, o preparo secundário consiste na operação de destorroamento e de nivelamento da camada arada de solo por meio de gradagens do terreno. Sendo um dos objetivos do preparo do solo o controle de plantas invasoras, pode-se proceder à última gradagem niveladora imediatamente antes do plantio.

Finalmente, no sistema convencional de plantio são feitas, geralmente, as seguintes operações:  

  • uma aração ou gradagem pesada;
  • uma subsolagem ou mais uma gradagem;
  • uma gradagem de destorroamento;
  • uma gradagem de nivelamento.

Vantagens do sistema convencional de plantio

O plantio convencional apresenta várias vantagens quando comparada a outros sistemas de cultivo. Confira a seguir.

  • O revolvimento dos solos aumenta a mineralizaçao dos componentes orgânicos pelos microorganismos. Consequentemente, contribui para que estes elementos minerais estejam disponíveis para as plantas;
  • Esse sistema proporciona também um aumento da aeração e da infiltração de água do solo;
  • Outra vantagem é a destruição de ervas daninhas e sementeiras;
  • Além de o nivelamento da superfície do solo facilitar as operações de semeadura, cultivo e colheita;
  • Por último a incorporação de fertilizantes, corretivos e matéria orgânica (maior decomposição de adubos orgânicos e restos vegetais).

Desvantagens do plantio convencional

Por outro lado, algumas vantagens podem também ser observadas no sistema de plantio convencional, a saber.

  • O revolvimento intensivo diminui a fertilidade do solo. O fato é devido às perdas por lixiviação, principalmente em solos de baixo poder de retenção (solos arenosos);
  • Outra desvantagem do processo é o de favorecer a erosão em solos declivosos;
  • Também, aumentar a necessidade de efetuar tratos culturais, principalmente capinas. O que acaba por gerar incremento no custo de produção da lavoura;
  • O tempo de preparo do solo é maior que para outros sistemas;
  • Normalmente, é observada a maior necessidade de uso de implementos, aumentando os gastos com combustível além de outros;
  • A mobilização continua do solo devido às praticas de preparo, contraditoriamente é, muitas vezes, responsável pelo aparecimento de uma camada compactada. Esta camada dificulta a infiltração de água e o crescimento de raízes, deixando o solo altamente suscetível à erosão. Devido a este problema, o sistema convencional deve ser complementado com práticas de descompactação.

Sistema de Plantio Direto

De fato, o plantio direto é uma técnica de cultivo conservacionista. Ou seja, nesse sistema, o plantio é efetuado sem as etapas do preparo convencional da aração e da gradagem.

Imagem de plantas sendo cultivadas no Sistema de plantio direto. Fileiras de plântulas verdes em meio a carreiras de palhada.

Primordialmente, é necessário manter o solo sempre coberto por plantas em desenvolvimento e por resíduos vegetais. A finalidade dessa cobertura é proteger o solo do impacto direto das gotas de chuva, do escorrimento superficial e das erosões hídrica e eólica.

Ademais, o plantio direto pode ser considerado uma modalidade do cultivo mínimo. Essa consideração é válida, visto que o preparo do solo limita-se ao sulco de semeadura, procedendo-se à semeadura, à adubação e, eventualmente, à aplicação de herbicidas em uma única operação.

É provável que o sistema de plantio direto possa compreender:

  • Inicialmente a eliminação  e redução das operações de preparo do solo;
  • atribuição ao uso de herbicidas para o controle de plantas daninhas;
  • a formação e manutenção da cobertura morta;
  • Além disso a rotação de culturas;
  • por fim o uso de semeadoras específicas.

Não por acaso, esse sistema de produção requer cuidados na sua implantação. Contudo, depois de estabelecido, seus benefícios se estendem não apenas ao solo, mas também ao rendimento das culturas.

A aplicação desse sistema promove uma maior competitividade dos sistemas agropecuários, pois proporciona uma drástica redução da erosão, do potencial de contaminação do meio ambiente, além de oferecer ao agricultor maior garantia de renda. Esta última vantagem justifica-se pela estabilidade da produção que é ampliada quando comparada a aquela obtida com métodos tradicionais de manejo de solo.

Por conseqüência de seus efeitos benéficos sobre os atributos físicos, químicos e biológicos do solo, pode-se afirmar que o Sistema Plantio Direto é uma ferramenta essencial para se alcançar a sustentabilidade dos sistemas agropecuários.

Vantagens do plantio direto

Dentre as grandes vantagens obtidas com o plantio direto listamos algumas a seguir:

  • Evita o impacto direto da gota da chuva;
  • Regula a temperatura do solo;
  • Conserva a umidade do solo;
  • Melhoramento da estrutura do solo;
  • Reduz a compactação do solo;
  • Fonte de energia para os microorganismos do solo;
  • Aumenta a atividade microbiológica do solo;
  • Diminui a lixiviação aumentando a CTC (Capacidade de Troca de Cátions)
  • Aumenta o teor de N no solo;
  • Diminui a infestação de ervas daninhas;
  • Aumenta a disponibilidade de P no solo;
  • Diminui as taxas de perdas por erosão e da água disponível às plantas.

Desvantagens do plantio direto

Embora sejam muito evidentes as vantagens oferecidas pelo sistema de plantio direto, existem algumas desvantagens que devem ser analisadas antes da escolha do método. Veja as que listamos a seguir:

  • Aumento da umidade, o que pode prejudicar as culturas em locais de clima úmido ou em solos de pouca permeabilidade;
  • Aumento da concentração de nitrogênio que pode causar acamamento da cultura;
  • Pode-se aumentar o investimento e dispêndio com custo de herbicidas;
  • Frequentemente é necessário o uso de maquinas especificas para o sistema;
  • Enraizamento superficial das plantas;
  • Diminuição da produção caso a infestação de ervas daninhas aumente. Isto pode ser percebido já que essas ervas concorrem com a cultura em desenvolvimento, consumindo nutrientes e espaço;
  • Necessidade de investimento em conhecimento e em pessoal técnico especializado em utilização de herbicidas, trato de ervas daninhas, equipamentos, etc.

FONTES DE PESQUISA

SCHULTZ, L. A. Manual do plantio direto: técnicas e perspectivas. 2. Ed., Sagra, 1987. 124p. STONE, L. F.; SILVEIRA, P. M. Efeitos de preparo do solo na compactação do solo, disponibilidade hídrica e comportamento do feijoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 34, n. 11, p. 83-91, 1999.

MELO Júnior, Heliomar Baleeiro. CAMARGO, Reginaldo de. WENDLING, Beno. Sistema de Plantio Direto na Conservação do Solo e Água e Recuperação de Áreas Degradadas. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer – Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág.

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Atualizado em: 11 de setembro de 2019

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